Iracema Chequer | Agência ATarde
Presença de árvores nas vias urbanas é necessária e requer cuidados
No Corredor da Vitória, o verde se destaca em meio às edificações. Os oitizeiros, árvores dispostas nas calçadas, formam uma cobertura natural e chamam a atenção de quem passa pela região. O contador Jaime Matos, 57 anos, não se esquece dos tempos de estudante, quando percorria o local para ir à escola. “São as minhas árvores preferidas. No passado, me abrigava na longa caminhada pela escola”, conta.
O apreço pela planta, característica da mata atlântica, é unânime. “Eu sou apaixonado por elas”, diz o comerciante Jutaí Ribeiro Soares, 46, que mantém uma banca de lanches em frente ao Colégio Odorico Tavares. O local de trabalho, ao lado de um oitizeiro, é protegido pela sombra da árvore ao longo do dia. O cuidado, para ele, deixa a desejar. “Só cortam e podam quando acontece algum acidente”, lamenta.
Para a professora aposentada Nadja Conceição de Oliveira, 68, os oitis devem ser preservados. “Tem que ter manutenção, para que os jovens possam conhecer”.
Manutenção - De acordo com o técnico responsável pelo setor de Áreas Verdes da Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop), Artur Portela Filho, as podas acontecem uma vez por ano, entre os meses de dezembro e janeiro. “São feitas sempre antes do Carnaval. Só podem ser realizadas à noite, durante a madrugada, porque o trânsito é muito intenso”.
O cuidado anual, para Portela, não se trata de descaso ou omissão. “Não se deve podar mais de uma vez ao ano, pois as árvores são muito antigas. Podar fere o vegetal e é uma porta de entrada para fungos e outras pragas”, esclarece ele, ao garantir que os oitizeiros do Corredor da Vitória foram plantados há mais de 70 anos. “Aquela região a gente olha sempre com muito cuidado”, completa.
Além dos oitizeiros do Corredor da Vitória, a capital baiana conta com diversas outras espécies, como amendoeira, mangueira, flamboyant, jaqueira e ipê. Plantar uma árvore em local público, no entanto, requer alguns cuidados. Solicitar auxílio junto ao setor municipal das Áreas Verdes é um deles. “Quem quiser plantar deve solicitar a presença de um engenheiro agrônomo para que ele possa orientar e autorizar o plantio. É um serviço gratuito”, esclarece Portela.
Não existe nenhuma legislação que proíba o plantio sem autorização, mas o técnico garante que plantar de forma desordenada pode trazer consequências onerosas. “De forma errada, pode danificar calçadas, as próprias plantas e até a população”. O biólogo e vice-chefe do departamento de botânica da Universidade Federal da Bahia, Lázaro Benedito da Silva, reforça: “Não basta sair plantando. Tem que observar o tipo, a distância entre elas, tem que conhecer a espécie”. “Gosto porque as copas são largas, sombreia melhor”